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domingo, 20 de junho de 2010

Terá sido a loucura da raínha induzida ?


Na família da rainha, houve vários casos de loucura, como se avô Filipe V e o tio, irmão de sua mãe, Fernando VI.

Curiosamente nenhum desses antepassados foi afastado da governação, por exemplo, Filipe V tinha frequentes ataques de violência que chagavam a agressão a sua mulher.

Pode pois considerar-se que alguma da "responsabilidade" pela demência de D.Maria, tinha origem congénita, agravados por questões de consaguindade fruto de casamento entre familiares muito próximos, como inclusivamente foi o seu caso, devido ao casamento com um seu tio.

São apontadas igualmente, várias outras razões que justificariam a insânia da Rainha, começando por se referir os acontecimentos iniciados em 1789 com eclodir da Revolução francesa cujos acontecimentos impressionaram muitíssimo D.Maria.

Contudo muitos outros acontecimentos anteriores, podem ter contribuído para que os da Revolução Francesa, constituíssem a gota de água que fez o copo transbordar.

Para além desta versão clássica, há outras que os avanços tecnológico de hoje podem documentar

Dois séculos passados após a sua morte, uma equipa de cientistas portugueses do Centro de Física Atómica, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, liderada por Maria Luísa Carvalho identificam agora novas possibilidades para justificar a loucura de Dona Maria I.

A equipa de investigadores ao analisar documentos oficiais assinados pela Rainha, conseguiram identificar na constituição do papel, elementos tóxicos, que se sabe hoje, que poderão levar a degenerações neurológicas.

«Vemos que estes elementos, contrariamente a outros da mesma época, continuam um conjunto de elementos que eram elementos altamente tóxicos, muito prejudiciais para o organismo, degenerativos do sistema nervoso e nenhum dos elementos da mesma altura, nem de outras alturas, apresentam este tipo de elementos.

Isto surgiu da curiosidade de saber se só os documentos da D. Maria tinham estes elementos. Se só estes que nós tínhamos ou se outros e se os documentos produzidos na mesma fabrica», explica Maria Luísa Carvalho, Coordenadora da investigação no Centro de Física Atómica, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

De acordo com os especialistas, alguns dos elementos tóxicos presentes na constituição do papel levantam interrogação não apenas pela sua utilização mas pela grande concentração em que se encontram: «
No papel, os elementos que nós encontrámos em concentrações muito elevadas nos documentos da D. Maria foi o chumbo, o arsénio, o bismuto e o cobalto», refere a cientista e adianta que, «aqui as concentrações de arsénio andam à volta de 2000 microgramas por grama. Normalmente este micrograma por grama é designado por ppm e as concentrações que nós consideramos elementos traço são concentrações que vão de algumas dezenas de ppm, portanto aqui encontramos milhares de ppm, não só no arsénio mas também dos outros elementos, todos eles em milhares».

Para identificarem os elementos presentes na constituição do papel, assim como as concentrações em que estão presentes, a equipa portuguesa utiliza uma técnica baseada na física fundamental: o raio-X por fluorescência.

«Nós temos inicialmente um feixe de raio X. Esse feixe de raio-X vai embater numa amostra, que neste caso é o papel, e na amostra temos todos os elementos que lá estão. Se uma radiação X incide num dos átomos do elemento, ioniza, significa que arranca um electrão de um nível interno. A matéria, os átomos no seu estado fundamental, não têm um buraco, não estão ionizados. O estado fundamental da matéria é os electrões estarem sempre o mais próximo do núcleo.

Sempre que aparece uma lacuna no interior, neste caso criada pela radiação X incidente, essa lacuna é imediatamente preenchida por um outro electrão exterior e após essa transição de um electrão exterior para a lacuna mais interior há a emissão de uma radiação que é característica do elemento que a está a emitir. Portanto, nós detectamos a radiação emitida por todos os elementos constituintes da amostra e como cada elemento tem uma radiação que é característica desse elemento, identificamos o elemento», explica a cientista.

Cada elemento químico apresenta uma onda de energia que o distingue dos demais. Com base nesse princípio, a técnica de radiação de fluorescência, vai possibilitar que se identifique a presença ou ausência de determinados elementos: «
Nós temos uma tabela que nos dá as energias. Temos a energia, essas transições, essas emissões de radicação porque o exterior tem uma dada energia e aquilo que as distingue umas das outras é justamente a energia. Portanto, temos uma tabela que nos dá (enfim está feita), nós podemos fazer as contas e saber a cada átomo qual a energia correspondente a uma dada transição. Portanto, já temos isso numa tabela. Comparamos a energia de cada elemento observado com o da tabela e assim o identificamos. Portanto, é uma técnica muito fácil e muito simples do ponto de vista de qualquer pessoa», explica Maria Luísa Carvalho.

Ao captar as ondas de energia, o aparelho posteriormente passa esses dados para um computador que permite aos cientistas identificarem os elementos através de um gráfico de análise: «Ora este outro pico, isto é arsénio. O arsénio que está em concentrações muito elevadas. Portanto, nós podemos ver aqui já as concentrações e o arsénio está em concentrações na ordem dos 2 mil microgramas por grama, 2000 ppm, o que é uma coisa muitíssimo elevada. Depois temos aqui outro pico de chumbo que também está muito intenso. Portanto a quantidade de chumbo é da ordem de 200 microgramas por grama. Para além destes picos temos outros elementos que são tóxicos, portanto…este é o quê Marta? Este é o bismuto, o bismuto também é um metal pesado, é um metal altamente tóxico que está proibido desde alguns anos a sua utilização».

A técnica de raio-X por fluorescência tem a mais valia de não danificar os manuscritos, já que após a ionização do átomo presente no papel, rapidamente este capta electrões do exterior para se voltar a formar e obter o estado fundamental.

Curioso é o facto dos documentos oficiais da rainha D. Maria I terem por base papel de uma fábrica holandesa. Esta é a pista que os cientistas seguem agora, para perceberem se outros manuscritos de papel fabricado nesse local têm ou não elementos tóxicos.

«Todos. Vamos ver outros, bom que são os que conseguimos obter. Depois vamos analisar mais documentos produzidos pela mesma fábrica. Nós analisamos documentos, bastantes documentos do mesmo período histórico portugueses que não continham esses elementos. Analisamos documentos assinados por Reis portugueses da mesma época, não continham esses elementos. Portanto, agora resta-nos estudar mais documentos produzidos na mesma fábrica», afirma a especialista.

A dúvida mantém-se:
Terão estes documentos envenenado a Rainha D. Maria I?
Será que
aos 29 dias do mês de Janeiro do Ano de nascimento do nosso Senhor Jesus Cristo de 1787, a rainha sabia o eventual perigo que estaria a correr?!

Hoje os avanços da ciência, do conhecimento e da tecnologia usados na interpretação da história podem dar-nos novas pistas sobre aquela que foi no século XVIII: «
(…) Dona Maria por Graça de Deus, Rainha de Portugal e dos Algarves daquém e dalém mar, em África Senhora da Guiné, da Conquista, Navegação, comercio de Etiópia, Arábia, Pérsia e da Índia (…)».

Documentos assinados pela rainha D. Maria I continham elementos tóxicos. Cientistas portugueses estudam constituição do papel e da tinta e indicam que a toxicidade dos elementos poderiam provocar loucura.

Extraído do site
TV Ciência