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sábado, 26 de fevereiro de 2011

Flinto Elísio fugindo da Inquisição vai para Paris

Filinto Elísio era o pseudónimo literário do poeta árcade Francisco Manuel do Nascimento, nasceu em Lisboa, a 25 de Dezembro de 1734, de origens humildes. Os pais, o pescador Manuel Simões e a peixeira Maria Manuel, eram naturais de Ílhavo, mas imigraram para a capital no na sequência da decadência da faina pesqueira porque passou a região de Aveiro após o fecho do canal do que liga o rio Vouga ao mar, provocando o encerramento do porto.

Foi ordenado padre, em 1754. Frequentador do Convento de Chelas, ali ensinou latim à futura marquesa de Alorna a quem pôs o nome de Alcipe, recebendo dela o de Filinto Elísio e a influencia pelo arcadismo, e pelo iluminismo.

As suas ideias liberais levaram a que fosse denunciado à Inquisição, em 22 de Junho de 1778, pelo padre José Manuel de Leiva, que o acusou de "afirmações e leituras heréticas proibidas".

Disfarçado de vendedor, consegui fugir de Portugal e exilar-se em Paris, onde chegou a 15 de Agosto desse ano. Na capital francesa conheceu, entre outros, o poeta Alphonse de Lamartine

A vida em Paris foi difícil, e teve que traduzir obras francesas para subsistir.

As suas poesias foram publicadas, ainda em sua vida, em Paris, entre 1817 e 1819. Só depois da sua morte, as suas obras seriam publicadas em Lisboa, entre 1836 e 1840.

Poeta árcade pelo formalismo é já pré-romântico pelo conteúdo das suas composições,de quem Garrett diria mais tarde "nenhum poeta, desde Camões, havia feito tantos serviços à língua portuguesa

Em 1843 os seus restos mortais foram transladados para Lisboa, onde se encontra sepultado, no cemitério do Alto de São João.

Sua influência é vasta e se deu de forma mais directa no Pré-Romantismo, sobre autores como Almeida Garrett.

Tal influência aparece sob a denominação de "filintismo". Foi um autor único em sua visão dos clássicos, pois dava relevo ao maravilhoso e até mesmo ao fantástico, pressentindo tendências modernas em meio ao racionalismo de seu tempo. Filinto tinha simpatia pelas ideias de Rousseau, pelos ideais da Revolução Francesa e por Franklin e George Washington.

A queda da Bastilha o trouxe um sentimento positivo e seu sentimento por sua nação, ao contrário, parecia frequentemente negativo, com resquícios de rancor contra a Inquisição que o exilou.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

A prisão e condenação de José Anastácio da Cunha



Em 1773, tinha sido nomeado pelo Marquês de Pombal como Lente de Geometria na Universidade de Coimbra, cargo que exerceu durante um período de 5 anos.

Nessa altura, o ensino de geometria era feito através da tradução dos "Elementos de trigonometria e álgebra" de José Monteiro Rocha, tradução que José Anastácio da Cunha achava demasiado longa e complicada.

Decidiu então utilizar uma outra, elaborada por si, e que tinha a particularidade de ter apenas uma única folha.
Apesar disso, não ficou muito satisfeito e apresentou na congregação da Faculdade de Matemática a 20 de Abril de 1776, um Compendio de Ellementos praticos de geometria, um método mais leve e fácil de maneira a ensinar facilmente.

Este método ficou à espera de ser analisado por outros professores da faculdade embora nunca tivesse havido qualquer comentário. Tratava-se já da obra Principios Mathematicos, a sua única obra publicada,

A análise deste livro mostra que o autor, em apenas trezentas páginas, refere das primeiras noções de Aritmética e de Geometria, e da Teoria das Equações, à Análise Algébrica, à Trigonometria plana e esférica, à Geometria analítica e ao Cálculo diferencial e integral


Em 1777, acabou a sua carreira universitária e, em 1778, foi denunciado à inquisição.

Foi detido a 26 de Junho pela inquisição de Coimbra, e no dia 1 de Julho entrou no cárcere. A 9 de Setembro foi lida a acusação, e a 15 de Setembro estavam concluídos os autos.

Nesse mesmo dia foram analisados pela Mesa do Santo Ofício de Coimbra os autos, culpas e confissões do acusado.

A 6 de Outubro, a Mesa do Conselho Geral do Santo Ofício confirmou as penas estabelecidas por Coimbra e determinou-as.


Também nesse dia leu-se a sentença no auto da fé.
Anastácio da Cunha foi acusado de se ter relacionado com camaradas militares protestantes ingleses, de ter lido Voltaire, Rousseau, Hobbes e de ter emprestado a uma sua discípula livros que estavam impregnados de filosofismo.

Anastácio da Cunha foi também acusado de comer carne em dias proibidos, de manter em sua casa uma amanceba, de assistir com pouca reverência na igreja e de dispensar os preceitos da mesma.


Foi condenado a concluir reclusão por três anos na Casa das Necessidades da Congregação do Oratório de Lisboa, seguindo de quatro anos de degredo para Évora e ficou ainda interdito de entrar em Coimbra e em Valença.