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domingo, 20 de junho de 2010

Terá sido a loucura da raínha induzida ?


Na família da rainha, houve vários casos de loucura, como se avô Filipe V e o tio, irmão de sua mãe, Fernando VI.

Curiosamente nenhum desses antepassados foi afastado da governação, por exemplo, Filipe V tinha frequentes ataques de violência que chagavam a agressão a sua mulher.

Pode pois considerar-se que alguma da "responsabilidade" pela demência de D.Maria, tinha origem congénita, agravados por questões de consaguindade fruto de casamento entre familiares muito próximos, como inclusivamente foi o seu caso, devido ao casamento com um seu tio.

São apontadas igualmente, várias outras razões que justificariam a insânia da Rainha, começando por se referir os acontecimentos iniciados em 1789 com eclodir da Revolução francesa cujos acontecimentos impressionaram muitíssimo D.Maria.

Contudo muitos outros acontecimentos anteriores, podem ter contribuído para que os da Revolução Francesa, constituíssem a gota de água que fez o copo transbordar.

Para além desta versão clássica, há outras que os avanços tecnológico de hoje podem documentar

Dois séculos passados após a sua morte, uma equipa de cientistas portugueses do Centro de Física Atómica, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, liderada por Maria Luísa Carvalho identificam agora novas possibilidades para justificar a loucura de Dona Maria I.

A equipa de investigadores ao analisar documentos oficiais assinados pela Rainha, conseguiram identificar na constituição do papel, elementos tóxicos, que se sabe hoje, que poderão levar a degenerações neurológicas.

«Vemos que estes elementos, contrariamente a outros da mesma época, continuam um conjunto de elementos que eram elementos altamente tóxicos, muito prejudiciais para o organismo, degenerativos do sistema nervoso e nenhum dos elementos da mesma altura, nem de outras alturas, apresentam este tipo de elementos.

Isto surgiu da curiosidade de saber se só os documentos da D. Maria tinham estes elementos. Se só estes que nós tínhamos ou se outros e se os documentos produzidos na mesma fabrica», explica Maria Luísa Carvalho, Coordenadora da investigação no Centro de Física Atómica, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

De acordo com os especialistas, alguns dos elementos tóxicos presentes na constituição do papel levantam interrogação não apenas pela sua utilização mas pela grande concentração em que se encontram: «
No papel, os elementos que nós encontrámos em concentrações muito elevadas nos documentos da D. Maria foi o chumbo, o arsénio, o bismuto e o cobalto», refere a cientista e adianta que, «aqui as concentrações de arsénio andam à volta de 2000 microgramas por grama. Normalmente este micrograma por grama é designado por ppm e as concentrações que nós consideramos elementos traço são concentrações que vão de algumas dezenas de ppm, portanto aqui encontramos milhares de ppm, não só no arsénio mas também dos outros elementos, todos eles em milhares».

Para identificarem os elementos presentes na constituição do papel, assim como as concentrações em que estão presentes, a equipa portuguesa utiliza uma técnica baseada na física fundamental: o raio-X por fluorescência.

«Nós temos inicialmente um feixe de raio X. Esse feixe de raio-X vai embater numa amostra, que neste caso é o papel, e na amostra temos todos os elementos que lá estão. Se uma radiação X incide num dos átomos do elemento, ioniza, significa que arranca um electrão de um nível interno. A matéria, os átomos no seu estado fundamental, não têm um buraco, não estão ionizados. O estado fundamental da matéria é os electrões estarem sempre o mais próximo do núcleo.

Sempre que aparece uma lacuna no interior, neste caso criada pela radiação X incidente, essa lacuna é imediatamente preenchida por um outro electrão exterior e após essa transição de um electrão exterior para a lacuna mais interior há a emissão de uma radiação que é característica do elemento que a está a emitir. Portanto, nós detectamos a radiação emitida por todos os elementos constituintes da amostra e como cada elemento tem uma radiação que é característica desse elemento, identificamos o elemento», explica a cientista.

Cada elemento químico apresenta uma onda de energia que o distingue dos demais. Com base nesse princípio, a técnica de radiação de fluorescência, vai possibilitar que se identifique a presença ou ausência de determinados elementos: «
Nós temos uma tabela que nos dá as energias. Temos a energia, essas transições, essas emissões de radicação porque o exterior tem uma dada energia e aquilo que as distingue umas das outras é justamente a energia. Portanto, temos uma tabela que nos dá (enfim está feita), nós podemos fazer as contas e saber a cada átomo qual a energia correspondente a uma dada transição. Portanto, já temos isso numa tabela. Comparamos a energia de cada elemento observado com o da tabela e assim o identificamos. Portanto, é uma técnica muito fácil e muito simples do ponto de vista de qualquer pessoa», explica Maria Luísa Carvalho.

Ao captar as ondas de energia, o aparelho posteriormente passa esses dados para um computador que permite aos cientistas identificarem os elementos através de um gráfico de análise: «Ora este outro pico, isto é arsénio. O arsénio que está em concentrações muito elevadas. Portanto, nós podemos ver aqui já as concentrações e o arsénio está em concentrações na ordem dos 2 mil microgramas por grama, 2000 ppm, o que é uma coisa muitíssimo elevada. Depois temos aqui outro pico de chumbo que também está muito intenso. Portanto a quantidade de chumbo é da ordem de 200 microgramas por grama. Para além destes picos temos outros elementos que são tóxicos, portanto…este é o quê Marta? Este é o bismuto, o bismuto também é um metal pesado, é um metal altamente tóxico que está proibido desde alguns anos a sua utilização».

A técnica de raio-X por fluorescência tem a mais valia de não danificar os manuscritos, já que após a ionização do átomo presente no papel, rapidamente este capta electrões do exterior para se voltar a formar e obter o estado fundamental.

Curioso é o facto dos documentos oficiais da rainha D. Maria I terem por base papel de uma fábrica holandesa. Esta é a pista que os cientistas seguem agora, para perceberem se outros manuscritos de papel fabricado nesse local têm ou não elementos tóxicos.

«Todos. Vamos ver outros, bom que são os que conseguimos obter. Depois vamos analisar mais documentos produzidos pela mesma fábrica. Nós analisamos documentos, bastantes documentos do mesmo período histórico portugueses que não continham esses elementos. Analisamos documentos assinados por Reis portugueses da mesma época, não continham esses elementos. Portanto, agora resta-nos estudar mais documentos produzidos na mesma fábrica», afirma a especialista.

A dúvida mantém-se:
Terão estes documentos envenenado a Rainha D. Maria I?
Será que
aos 29 dias do mês de Janeiro do Ano de nascimento do nosso Senhor Jesus Cristo de 1787, a rainha sabia o eventual perigo que estaria a correr?!

Hoje os avanços da ciência, do conhecimento e da tecnologia usados na interpretação da história podem dar-nos novas pistas sobre aquela que foi no século XVIII: «
(…) Dona Maria por Graça de Deus, Rainha de Portugal e dos Algarves daquém e dalém mar, em África Senhora da Guiné, da Conquista, Navegação, comercio de Etiópia, Arábia, Pérsia e da Índia (…)».

Documentos assinados pela rainha D. Maria I continham elementos tóxicos. Cientistas portugueses estudam constituição do papel e da tinta e indicam que a toxicidade dos elementos poderiam provocar loucura.

Extraído do site
TV Ciência

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Acontecimentos no ano de 1790(III)



  • A fundação da Nova Arcádia

A Academia literária Nova Arcádia foi fundada no ano de 1790 por Domingos Caldas Barbosa um mulato brasileiro, filho de português e de uma angolana que foi enviado para Portugal em 1763, para estudar em Coimbra.

Posteriormente em Lisboa, celebrizou-se pelas trovas improvisadas ao som da sua viola de corda de arame. Suas composições estão reunidas no livro Viola de Lereno, pseudónimo que ele adoptara

Outros escritores aderiram a este movimento como José Agostinho de Macedo, Belchior Curvo Semedo e mais tarde logo que a fama de improvisador de Bocage lhe chegou ao conhecimento, a Academia convidou-o para sócio, que viria a ter uma longa quezília com Macedo

As sessões realizavam-se em casa do Conde de Pombeiro (o "fofo conde", segundo a irónica expressão de Bocage) ou do Conde de Vimioso, outro aristocrático mecenas.

Entre os principais ideais da Nova Arcádia estão a Inutilia truncat, cortar o inútil, a retomada da concisão e clareza que foi desprezada pelo Barroco; valorização da paisagem campestre, considerada ideal para a realização do amor (locus amenus), a busca da harmonia entre a razão e o sentimento.)

Além disso, cada membro tinha que adoptar um nome literário, espécie de pseudónimo. Domingos Caldas adoptou o nome de Lereno, Belchior Semedo, o de Belmiro. O nome escolhido por Bocage foi Elmano Sadino.

O tempo de permanência de Bocage nessa instituição foi curto, durou apenas quatro anos, e foi muito conturbado. Devido a vários conflitos ideológicos e literários com os membros da Nova Arcádia, Bocage é expulso dessa agremiação por irreverência, boémia e insubmissão às normas académicas.

Nessa época o "Bocage Satírico" mostra toda a sua força ao ridicularizar seus adversários, o principal deles era Domingos Caldas, a quem Bocage retrata, em seus versos, como demónio, cão pachorrento etc e Agostinho Macedo como já referi

  • Fundação das primeiras escolas para meninas
Em Lisboa passou a funcionar junto das Salésias uma casa para educação de meninas à qual a rainha atribuiu um subsidio de 220 mil-réis a aplicar de acordo com o parecer do seu director e fundador o padre José Joaquim dos Santos.

Este exemplo da iniciativa do referido padre, inspirou D.Maria a tomar medida idêntica para Lisboa, um local onde as meninas devidamente enquadradas por mestras próprias, para aprenderem a coser, a fiar e a bordar, mas também para aprenderem a ler e a escrever.

Esta matéria foi regulamentada em 31 de Maio, mas só viria a ser aplicado, se o foi, 25 anos depois , atendendo aos problemas que afectaram a rainha e o país


Na foto o Palácio dos Condes de Pombeiro, (hoje Embaixada da Itália), onde se reunia a Nova Arcádia, a "triste, malfadada Academia" que Elmano tanto satirizou.

domingo, 4 de abril de 2010

Acontecimentos no ano de 1790(II)

  • Proibição de admissão de noviços e noviços nos conventos e mosteiros
Em Fevereiro foi decreta a proibição de de admissão de noviços e noviços nos conventos e mosteiros, pelo facto de 10 % da população portuguesa estar nestas instituições que conduzia a enorme défice populacional.
Era necessário imcentivar o casamento e estimular os casais a terem filhos. Era importante que os conventos deixassem de ser um local de fuga e refugio de meninas de família nobres ou abastadas, que queriam escapar a enlaces indesejáveis e de viúvas solitárias, ou filhas bastardas, que deviam permanecer incógnitas.

  • Julho,19-Reorganização da justiça e administração do reino
Diminuem-se os poderes dos donatários das terras, cerceando-lhes o direito de administrar a justiça, extinguindo-se as ouvidorias, que se deviam transformar em comarcas, se a extensão territorial o justificasse, ou ser anexadas a outras comarcas. Os donatários das terras deixam de poder designar ouvidores para os respectivos concelhos.

Começava assim a carta de lei

D.Maria por graça de Deus rainha de Portugal e dos Algarves d aquem e d alem mar em África, senhora da Guiné e da conquista, navegação, comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e da India.

Faço saber aos ques esta carta de lei virem que, sendo o fim das leis a felicidade dos povos, para os manter em paz, em traquilidade e em justiça, as que desde o princípio da monarquia foram promulgados pelos senhores reis meus augustos predecessores ....

.... sou servida a resolver o seguinte, para servir de moderação, sistema e regulamento das jurisdições destes reinos, concedidas aos donatários, tendo em vista que o uso e exercício prático da justiça e os meios de ela se conseguir sejam iguais e uniformes.

Acontecimentos no ano de 1790

  • Fábrica de panos de Portalegre

Desde 1769 data em que foi apresentada à Junta do Comércio um requerimento, solicitando a criação de novas fábricas de algodão e lã no Alentejo, atendendo à matéria prima que por ai abundava, bem como a mão de obra.

Reaproveitando o edifício do antigo colégio jesuíta de S.Sebastião, que tinha sido fundado em 1605, foi entregue a particulares a concessão duma fabrico de lanifícios cuja posse pertencia à coroa portuguesa. na sequência desta operação de privatização foi entregue a Anselmo José da Cruz e ao seu genro Geraldo Castelo Branco a concessão da Fábrica de Panos de Portalegre

  • Criação da Academia Real de Fortificação Artilharia e Desenho

Esta academia veio estabelecer pela primeira vez, uma escola de base verdadeiramente científica, destinada ao ensino superior das matérias de interesse para Oficiais de Artilharia e Engenharia (cursos de 4 anos), de Infantaria e Cavalaria (cursos de 3 anos) e a alunos Civis ("Os Paisanos") que desejassem habilitar-se a Engenheiros.

Esta Academia, começando por se instalar no Arsenal do Exército em Santa Apolónia, passou por vários edifícios da capital, desde o Palácio da Regência onde se manteve até 1796, transitou para o Palácio de Calhariz, daí para o Real Colégio dos Nobres, sendo, como já foi referido, neste local que em 12 de Janeiro de 1837, a Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho se passou a designar por Escola do Exército, por iniciativa de Bernardo de Sá Nogueira de Figueiredo - o Marquês de Sá da Bandeira.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Acontecimentos no ano de 1789

  • Janeiro,18-Morte do infante D.Gaspar filho ilegítima de D.João V

D. Gaspar nasceu em Lisboa, a 8 de Outubro de 1716e faleceu em Braga, a 18 de Janeiro de 1789, filho de D. Madalena Máxima de Miranda. Foi o segundo "Menino de Palhavã"

Exerceu o múnus de arcebispo de Braga, de 1758 à data da sua morte.

Os meninos da Palhavã, como eram conhecidos, eram os filhos ilegítimos de D.João V, que foram mantidos em segredo durante a vida daquele rei, mas que o seu meio-irmão o rei D.José acabaria por reabilitar.

Após a doença que o atingiu em Maio de 1742, D.João V mandou por intermédio do cardeal da Cunha, consultar o jesuíta da Companhia de Jesus o padre José da Costa, para saber se "era obrigado em consciência a declarar por filhos seus ilegítimos, os três senhores que se educaram em S.Vicente e em Santa Cruz de Coimbra".

Perante a reposta afirmativa do jesuíta e de mais alguns ilustres que consultou, decidiu o rei, declarar 3 filhos adulterino.Nessa declaração afirma que eles não eram filhos da mesma concubina, mas todas elas "mulheres limpas de todo o sangue infecto".

Nesse documento firmado em 1742, mas só publicado em 1752 após a sua morte, se declarava afinal o que já toda agente sabia, "os meninos de Palhavã" eram seus filhos.

A expressão deriva do facto de terem habitado no palácio dos marqueses de Louriçal , situado na zona de Palhavã , na altura arredores de Lisboa, mas que hoje se situa em plena cidade (o edifício - denominado Palácio da Azambuja - é hoje a Embaixada de Espanha em Portugal, sendo também conhecido por "Palácio dos Meninos de Palhavã").

  • Maio,10-A prisão do Tiradentes

Na segunda metade do século XVIII, a economia mineira dava seus primeiros sinais claros de enfraquecimento. O problema do contrabando, a escassez das reservas auríferas e a profunda dependência económica fizeram com que Portugal aumentasse os impostos e a fiscalização sobre as actividades empreendidas no Brasil. Entre outras medidas, as cem arrobas de ouro anuais configuravam uma nova modalidade de cobrança que tentava garantir os lucros lusitanos.

No entanto, com o progressivo desaparecimento das regiões auríferas, os colonos tinham grandes dificuldades em cumprir a exigência estabelecida. Portugal, inconformado com a diminuição dos lucros, resolveu empreender um novo imposto: a derrama.

Sua cobrança serviria para complementar os valores das dívidas que os mineiros acumulavam junto à Coroa. A cobrança era feita pelo confisco de bens e propriedades que pudessem ser de interesse da Coroa.

. No ano de 1789, um grupo de poetas, profissionais liberais, mineiros e fazendeiros tramavam tomar controle de Minas Gerais. O plano seria colocado em prática em Fevereiro de 1789, data marcada para a cobrança da derrama.

Aproveitando da agitação contra a cobrança do imposto, os inconfidentes contaram com a mobilização popular para alcançarem seus objectivos. Entre os inconfidentes estavam poetas como Cláudio Manoel da Costa e Tomas António Gonzaga; os padres Carlos Correia de Toledo, o coronel Joaquim Silvério dos Reis; e o alferes Tiradentes, um dos poucos participantes de origem popular dessa rebelião.

Eles iriam proclamar a independência e a proclamação de uma república na região de Minas.

Com a aproximação da cobrança metropolitana, as reuniões e expectativas em torno da inconfidência tornavam-se cada vez mais intensas. Chegada a data da derrama, sua cobrança fora revogada pelas autoridades lusitanas.

Nesse meio tempo, as autoridades metropolitanas estabeleceram um inquérito para apurar uma denúncia sobre essa insurreição. Através da delação de Joaquim Silvério dos Reis, que denunciou seus companheiros pelo perdão de suas dívidas, várias pessoas foram presas pelas autoridades de Portugal.

O Tiradente era alcunha de Joaquim José da Silva Xavier um militar com a patente de alferes, assim conhecido porque uma das suas múltiplas actividades foi exactamente a dentista

(CF.-Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola)

  • Novembro,15-Sagração da Basílica da Estrela

Em 1760, a princesa herdeira D. Maria Francisca, futura rainha D. Maria I, fez um voto no dia do seu casamento de que no caso de ter um filho varão, que viria a nascer em 1761, procederia à construção de um convento para as religiosas da Regra de Santa Teresa

Em 1777, após a morte de D. José I, D. Maria I escolheu o local conhecido por Casal da Estrela, propriedade da Casa do Infantado, para a construção da basílica e chamou Mateus Vicente de Oliveira (foi aluno de João Frederico Ludovice e Jean Baptiste Robillon, durante a construção do Palácio Nacional de Mafra) para a projectar, cuja planta é aprovada em 1779.

O ritmo de construção sofreu algumas paragens por dificuldades técnicas e económicas pois estava em curso a reconstrução da capital após o terramoto de 1755, para a qual o Marquês de Pombal havia disponibilizado todos os meios.

Porém, em Março de 1785, com a morte de Mateus Vicente, Reinaldo Manuel introduziu algumas alterações no projecto do seu antecessor, e de uma igreja que inicialmente se apresentava sóbria e simples resultou um edifício mais elaborado e ornamentado à semelhança do Convento de Mafra.

Também foi controversa a sua construção por razões teológicas pois foi dedicada ao culto do Sagrado Coração de Jesus, de quem D.Maria era devota, mas que não era aceite pela ortodoxia católica, porque "revalorizava a natureza humana de Cristo sobre a divina" o que implicava uma mudança quase radical na mentalidade e modo de encarar os dogmas da Igreja da época.

A Basílica foi a primeira igreja do Mundo a receber o título de lugar de culto ao Sagrado Coração sancionado por bula pontifícia, culto esse que se propagaria ao longo dos séculos seguinte

É uma das mais brilhantes realizações do Barroco tardio, com inclusão de elementos já neoclássicos. A Basílica da Estrela é o próprio panteão da D. Maria I, a única rainha da Dinastia de Bragança que não está sepultada no Mosteiro de São Vicente de Fora.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Acontecimentos no ano de 1788

  • Entrega a particulares as Fábricas e Manufacturas de Portalegre, Fundão e Covilhã,
Este foi um dos aspectos que caracterizou este reinado o abandono do dirigismo económico pombalino, sendo entregue a particulares a exploração dessa fábricas o que hoje seria designado por privatização.

A de Portalegre que foi criada em 1771, passou a ser administrada pela Junta da Administração das Fábricas do Reino e Obras de Águas Livres por decreto de 25 de Janeiro de 1781 e em 29 de Março de 1788 foram estabelecidas por alvará as condições da entrega a Anselmo José da Cruz Sobral e Gerardo Venceslau Braamcamp de Almeida Castelo Branco , para administrarem por tempo de 12 anos e sob a inspecção da Real Junta do Comércio.

A da Covilhã e do Fundão, tinham sido criadas a 26 de Junho de 1764 pela Resolução Régia que aprovou a proposta da Junta do Comércio, sobre um novo e formal estabelecimento da Fábrica de Lanifícios da Covilhã, ficando aquela encarregue da sua administração e da dos fardamentos das tropas.

Depois em 3 de Junho de 1788 foram também privatizadas, pois foram estabelecidas por Alvará, as condições da entrega a António José Ferreira, Jacinto Fernandes Bandeira, Luís Machado Teixeira, António Francisco Machado e Joaquim Pedro Quintela, as Reais Fábricas de Lanifícios estabelecidas nas então vilas da Covilhã e Fundão por tempo de 12 anos e sob a inspecção da Junta do Comércio

  • Criação da Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação.

Instituída por Decreto de 30 de Setembro de 1755, com o nome de Junta do Comércio, tinha sede em Lisboa. Era dirigida por um provedor, um secretário, um procurador e seis deputados, quatro por Lisboa e dois pelo Porto.

Nela funcionavam também um juiz conservador e um procurador fiscal. Tinha amplas atribuições- " fiscalização do comércio, organização das frotas, intervenção nas falências, lotação dos navios, estabelecimento do preço dos fretes, fiscalização de certos artigos na alfândegas, direcção das cargas e descargas de navios, etc" (Joel Serrão).

Também interferia na indústria, na repressão ao contrabando, na concessão de licenças para estabelecimentos comerciais em Lisboa e no Porto. nos seguros e noutras actividades.

Em 1788 foi elevada à categoria de Tribunal Régio, com o título de REAL JUNTA DO COMÉRCIO, AGRICULTURA, FÁBRICAS E NAVEGAÇÃO.

(FONTES: SERRÃO, Pequeno Dicionário de História de Portugal, 169 - RIHGB, 268:237 e 282:178 - Fiscais e Meirinhos, 436).

  • Morte de D.José I príncipe da Beira

O Príncipe D. José, de seu nome completo José Francisco Xavier de Paula Domingos António Agostinho Anastácio de Bragança, nasceu no Palácio de Nossa Senhora da Ajuda em Lisboa a 20 de Agosto de 1761 morreu a 1 de Setembro de 1788, foi 20º Duque de Bragança na sucessão do pai em 5 de Março de 1786, 17º duque de Guimarães, 15º duque de Barcelos, Príncipe da Beira e Príncipe do Brasil como herdeiro da coroa portuguesa, sendo primogénito da rainha Maria I de Portugal e de seu tio e marido D. Pedro III. E

ducado privadamente, desde nascer era chamado Príncipe da Beira e se tornou Príncipe do Brasil em 24 de Fevereiro de 1788.

A sua morte aos 27 anos vítima de varíola, viria a contribuir para a degradação do estado de saúde de D.Maria. Não foi o único factor, mas uma sucessão de factos que irão acontecer vão motivar a loucura da rainha.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Acontecimentos no ano de 1787

  • Janeiro,3-Inauguração do Observatório de Astronomia da Academia de Ciências
Um observatório astronómico é um edifício onde se observam os astros e se estuda a meteorologia. Os primeiros observatórios surgiram no século XVI, na Alemanha em Hesse e por patrocínio do príncipe Guilherme IV.

Em Lisboa o primeiro que se tem notícia foi o da Academia de Ciências, instalado no Castelo de São Jorge e inaugurado a 3 de Janeiro de 1787, seguindo-se o Real Observatório da Marinha criado a 18 de Março de 1798, mas que por razões da sua localização, junto ao Tejo, não tornou viável a correcta observação dos astros.

  • A conjuração dos Pintos em Goa
Na Índia aconteceu um episódio estranho, que se traduziu numa tentativa de derrubar o regime português em Goa. Estranho porque esse motivo apresentava sintomas de movimento inspirado em ideias liberais que pretendia subtrair a Ímdia ao domínio português e inaugurar uma forma republicana de governação.

Os chefes dessa rebelião os padres José António Gonçalves, que nunca foi detido e viria a morrer em Bengala, o Abade Faria que escapou para França e Francisco Couto que viria a ser executado com outros conjurados no final de 1788, depois de algum tempo de detenção.
nos calabouços da Fortaleza de São Julião da Barra, em Portugal.

A condenação por alta traição correspondeu à morte na forca, após o esquartejamento dos seus corpos, como era usual na época para crimes idênticos.

Acrescente-se que este movimento de rebelião não tinha apenas, motivações políticas, pelo contrário na sua génese havia um conjunto de reivindicações que assentavam em pretensões de cariz social, relacionada com diferenças de tratamento face aos clérigos da metrópole,

  • Fevereiro,7-Alvará que concede à Fabrica de Louça Vendelli previlégios
Domenico Vandelli tinha sido convidado pelo Marquês de Pombal para integrar o corpo docente que iria leccionar matérias científicas no Real Colégio dos Nobres. Terá chegado a Portugal em 1764. No entanto, uma vez que o ensino científico no Colégio dos Nobres não teve o sucesso que se pretendia, foi em seguida convidado, no âmbito da reforma da Universidade de Coimbra, para ocupar um lugar na Faculdade de Filosofia, onde foi nomeado lente de Química e de História Natural.

Ficaria também responsável pela selecção do local da implantação do Jardim Botânico, do estabelecimento do Laboratório Químico e do Museu de História Natural da Universidade de Coimbra.

Por volta de 1780 apresentou à Universidade um projecto de estabelecimento de uma fábrica de louça no Rossio de Santa Clara de Coimbra. Esta fábrica tornou-se famosa pela qualidade da sua louça, que ficou conhecida por ‘louça de Vandelles’. e a Vandelli foi concedido o privilégio de exclusividade de venda na Beiro e no Minho da louça produzida.

Em 1787 foi viver para Lisboa, onde se tornou o primeiro director do Jardim Botânico da Ajuda, sendo nomeado Deputado da ‘Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação destes Reinos e seus Domínios’. Continuou a ser director do Laboratório Químico da Universidade até 1791, apesar de estar ausente de Coimbra.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Acontecimentos no ano de 1786

  • Janeiro,30-Tratado franco-português sobre Cabinda
Com a finalidade de assinalar a presença militar Portuguesa na área, em 1783 tinha sido iniciada a construção do Forte de Santa Maria de Cabinda que, ainda em construção, foi atacado e conquistado em 1784 por forças Francesas sob o comando de Bernard de Marigny.

Os veementes protestos diplomáticos portugueses levaram a que a França, através desta Convenção com a mediação da Espanha, reconhecesse oficialmente a soberania Portuguesa sobre a costa de Cabinda.


  • Maio,25-A Morte de D.Pedro III príncipe consorte
D.Pedro Clemente Francisco José António de Bragança, o nosso D.Pedro III, era simultâneamente marido e tio da rainha D.Maria, por ser irmão de D.José e quarto filho de D.João V e da rainha D.Maria Ana da Austria.

D.Pedro estava casado com D.Maria desde 1760, tornando-se rei consorte quando da subida ao trono de D.Maria em 1777.

A doença do rei começara a manifestar-se durante a representação dum espectáculo musicado a que fora assistir começando a sentir um "adormecimento da perna e igual embaraço na língua ", como se dizia na época, vimdo a falecer alguns dias mais tarde, tinha 69 anos

Após as longas exéquias, com os cumprimentos e beija-mão protocolares a rainha como era costume, recolheu-se uma semana, para ficar na solidão da sua dor, longe de olhares alheios.

Era mais uma pedra no rol de desgostos que começavam a afecta-la e que se iniciaram quando da morte do seu avô D.João V em 1750, depois o terramoto de 1755, seguido da execução dos Távora em 1759 com a consequente expulsão dos jesuítas, a morte de três filhos ainda crianças e de sua mãe de quem era muito chegada e agora a morte de seu marido. Rol de desgostos intensos e que não ficariam por aqui.

domingo, 17 de janeiro de 2010

O casamento do infante D.João

No dia 11 de Maio de 1785, Carlota Joaquina deixou definitivamente o Palácio de Aranjuez. onde teria nascido, com destino a Vila Viçosa, onde poucos dias depois viria a acontecer a troca de noivas.

Os espanhóis ficaram encantados com a beleza de D.Mariana Vitória, enquanto os portugueses um pouco desiludidos com a jovem princesa espanhola, embora não se levasse em conta que tinha apenas 10 anos.

Se a beleza possa não ter sido o maior atributo de Carlota Joaquina, as provas do esmero da sua educação que havia prestado em Madrid, perante a corte espanhola e os embaixadores portugueses, tinha ficado bem vincado na conclusão sobre o seu "decidido talento, a sua prodigiosa memória compreensão e desembaraço".

Depois da troca de noivas, D.Mariana Vitória seguiria para Madrid ao encontro do noivo D.Gabriel, enquanto a familia real portuguesa permanecia em Vila Viçosa, até ao dia 9 de Junho , quando decorreu a cerimónia das benção nupciais solenes.

Atendendo à idade dos noivos, foi necessários esperar mais de 3 anos para a consumação do matrimónio e só a cinco anos depois do casamento passou a dividir o tálamo conjugal com o marido.